domingo, 25 de abril de 2010

Quanto vale seu tempo?



Cleython G. G. da Silva

Quanto vale seu tempo? Acredito que por algumas vezes alguns de nós tenha se interrogado sobre o valor deste abstrato bem. A resposta, no entanto se torna demasiadamente complexa, uma vez que na maioria das circunstâncias não somos nós, os prováveis donos do nosso tempo que estipulamos valores às horas de nosso dia. De quem é seu tempo? Será que somos nós realmente os donos dele ou abdicamos deste direito de posse e o transformamos em uma mercadoria descartável de baixo valor?
Houve uma época em que o homem “dono de seu tempo” decidia como o utilizaria, este era orientado pelos seus afazeres diários, não por uma carga horária a ser cumprida no decorrer de seu dia de serviço. O tempo era natural, pertencia a cada indivíduo e era utilizado de acordo com as suas necessidades. Mais adiante o tempo natural dá lugar ao tempo cronológico. A partir daí o tempo se torna mercadoria e juntamente com ele chegamos nós ao mesmo status. Tornamos-nos “mercadorias que vendem mercadorias”.
Junto com o “tempo mercadoria” o homem perde sua condição de agente e se torna objeto a ser negociado em “relojoarias humanas” especializadas em expropriar o único bem que este possui; o tempo. Ao contrário do que nos é passado nos tornamos vendedores de horas que, sequer tem direito de estipular o valor de sua força de trabalho e de quantas horas quer vender. Objetos, não nos tornamos nada mais que objetos que com o tempo se tornam obsoletos e descartáveis.
Mas, até quando seremos tratados como mercadorias? Até quando não seremos nós que estipularemos o valor de nosso único bem? Quando, a voz que está presa em nossa garganta gritará que somos homens, não objetos e queremos ser tratados como tal? A resposta está ao alcance de nossos olhos, no entanto nos fazemos cegos. Está engasgada em nossa garganta, no entanto nossa voz se faz muda.
Nossos gritos se resumem simplesmente a um eco distante, distorcido e de difícil compreensão. Quando, na verdade deveria se tornar um coral de vozes afinadas, que espalham suas letras e melodias àqueles que se recusam a ouvir os ecos de nossa voz rouca e tímida.

Cleython Silva é graduando em História e tem interesse de pesquisa pelo Brasil Contemporâneo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário