domingo, 25 de abril de 2010

Acelerar para vencer


Adriana Gonçalves

A educação em Minas avança!? Interrogação ou exclamação? Eis a questão! Quando nos deparamos com a realidade da sala de aula o que surge é a certeza de que a atual situação da educação é vergonhosa. No presente texto, pretendo chamar a atenção para um projeto educacional em particular é o chamado PAV (Projeto Acelerar para Vencer) que tem por objetivo a aceleração da aprendizagem e a melhoria de desempenho dos alunos com defasagem de idade e série que cursam os anos finais do Ensino Fundamental.
Segundo resolução da SEE nº. 1033, de janeiro de 2008 o PAV tem por finalidade “promover a aquisição de competências e habilidade básicas indispensáveis ao sucesso do aluno na vida e na escola”(www.educacao.mg.gov.br), mas como conseguir atingir essas habilidades sendo que os alunos chegam aos anos finais sem saber ler e escrever?Essas a meu ver são as habilidades básicas, essenciais para dar continuidade à vida escolar, e dois anos não são suficientes para alfabetizar vários alunos e ainda trabalhar os conteúdos de Geografia, História, Ciências, Inglês, Português e Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental.
Não obstante, os esforços dos profissionais da educação, efetivamente o que acontece ao final do ano letivo é que esses alunos são literalmente empurrados para a fase seguinte, haja vista que, as canetas vermelhas foram deixadas de lado e todo mundo tem os 60% exigidos para prosseguir. No entanto, passam, mas levam na bagagem as velhas deficiências.
O projeto vai certamente conseguir reduzir o problema da distorção idade-série, mas e a qualidade da educação? Segundo a resolução anteriormente citada “os alunos da aceleração I e II ao superarem a distorção idade/ano de escolaridade, serão integrados às turmas regulares”(www.educacao.mg.gov.br), é aí que nos deparamos com outro problema. Esses alunos do projeto receberam uma educação diferenciada, e agora como exigir deles o mesmo que se cobra dos alunos do ensino regular? As dificuldades serão grandes e muitos deles ficaram retidos no Ensino Médio, outros diante das dificuldades nem chegarão a concluir essa etapa ou ainda o mais provável irão sair da escola sem ter desenvolvido, de forma satisfatória, as competências básicas (ler e escrever). E o problema que a princípio foi solucionado virá à tona novamente. Ah! E antes que o mais bem intencionado venha dizer que não permitir o acesso desses alunos ao Ensino Médio regular é uma forma de exclusão reforço à idéia de que o próprio projeto com uma proposta de ensino diferenciado, já os havia excluído, portanto só seria uma forma de terminar o que foi iniciado.
Por fim, podemos concluir que o PAV só serve para engrossar os números da educação no Brasil, possibilitando a crescente dos gráficos da educação e o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que tem por finalidade medir a qualidade da educação apenas expõe dados quantitativos, porque no qualitativo ainda deixamos muito a desejar. Continuamos a formar indivíduos reprodutores e não questionadores da realidade social e o pior ainda falta o mínimo: ler, escrever e interpretar.

Adriana Gonçalves é graduanda em História e tem interesse pela pesquisa em História do Brasil Contemporâneo.

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