sábado, 10 de abril de 2010

Pedagogia do Cassetete


Erique Gustavo Soares da Silva

Uniformes, cassetetes, armas de fogo, escudo e gás de efeito moral, e por traz de todo esse aparato, homens, imbuídos de manterem a segurança de todos. E por traz desses homens um falso discurso, uma forte ideologia, de que são treinados para contribuírem para a manutenção da ordem, da disciplina e da segurança de nossa sociedade.
Discurso este que procura legitimar a polícia, como responsável por educar a sociedade, mas de que forma se dá esse processo educacional? Através da “pedagogia do cassetete”. Que traz como instrumentos de educação, o auxilio da bala de borracha, do gás de efeito moral, recentemente renomeado, por trazer uma sonoridade melhor que gás lacrimogêneo, instrumentos esses que servem para demonstrar para o cidadão através da dor que ele cometeu um equívoco. Como se faz com animais, que empacam, ou urinam ou defecam dentro de casa, onde são castigados através da dor, assim eles aprenderão que se fizerem novamente, sofrerão o mesmo castigo.
Não podemos em hipótese alguma descartar a importância da polícia militar, mas por outro lado, enxergar-mos-á como pedagoga da sociedade, seria inocência ou hipocrisia. Pois é notório o despreparo desses homens para desempenharem tal função. Pois educação não se faz através de uma imagem repressora, nem tão pouco através de medidas violentas, educação se faz através de investimentos, nos profissionais de ensino, “os professores”, devem-se investir na sua formação, para que possamos formar profissionais aptos a contribuírem para a melhoria de nosso sistema educacional. Deve-se também investir em recursos para nossas escolas, e para nossos alunos, para que formemos pessoas aptas a viver em sociedade.
Segundo Paulo Freire, a polícia tem a função de manter a ordem estabelecida, ou seja, contribuir para que a classe dominante continue oprimindo a grande maioria da população, a classe dominada. Em outras palavras a polícia cumpre o papel de um cão raivoso, treinado e armado, para proteger aqueles que nos oprime, e ironicamente os oprime.
Por traz dos uniformes, das armas e do discurso legitimador, que os faz acreditar nos seus papéis de pedagogos da sociedade, existem homens, muitas vezes mal treinados mal remunerados, corruptíveis, que mesmo acreditando que fazem o certo, contribuem para a manutenção desse quadro de opressão e desigualdade que á muito impera em nossa sociedade.

Erique Gustavo Soares da Silva é graduando em História e tem interesse pela pesquisa em História do Brasil Contemporâneo

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