domingo, 7 de novembro de 2010

Legião Urbana: mais atual do que nunca


Cleython G. G. da Silva.

Acabo de ler uma matéria do crítico musical Regis Tadeu sobre a Legião Urbana. A matéria de título “Discos da Legião Urbana ainda pulsam”, mostra como as músicas do grupo continuam exercendo grande influência ainda hoje, quase três décadas após lançado o primeiro álbum da banda. Sobre este assunto, eu, fã incondicional da banda resolvi em forma de palavras dar também meu parecer a respeito.
Interessante perceber que ainda fazemos parte da “Geração coca-cola” que é programada a receber todo o lixo que a mídia nos empurra goela abaixo. A mudança que percebo atualmente é que o lixo comercial e industrial que Renato Russo cantava na referida canção tem piorado e aumentado consideravelmente. Esta questão me faz lembrar de uma frase que certa vez ouvi de um músico (competentíssimo por sinal) antes de uma apresentação em um festival de música que participei: “estamos vivendo uma época de deterioração do gosto.” Infelizmente esta é a realidade em praticamente todos os gêneros musicais e produções televisivas. Tudo soa igual e demasiadamente sem conteúdo.
“Perfeição”(Disco Descobrimento do Brasil) dispensa comentários, sem sombra de dúvidas a mais atual de todas. De forma irônica Renato Russo celebrou tudo que havia de errado em nosso país: os preconceitos, o voto dos analfabetos, o nosso (“lindo”) passado de absurdos gloriosos e os mortos por falta de hospitais. Cantou também de forma sutil o amor e a morte ao celebrar Eros e Thanatos. Uma verdadeira poesia que ainda hoje acalanta meus ouvidos. Importante destacar que ainda hoje muitos dos pontos abordados na música continuam dignos de “celebração”.
“Aloha”(Disco A tempestade), expressa muito bem a juventude de hoje. Uma juventude que “é rica e pobre” dentro de um sistema que quer que todos sejam iguais, pois “assim é bem mais fácil nos controlar (...) e matar o que eu tenho de melhor; minha esperança.” Produtos criados por padrões de comportamento que são absorvidos sem se notar, como se fosse algo extremamente natural. Acríticos, pois grande parte da minha geração tem preguiça de pensar, refletir sobre nossa real condição e qual nosso papel para propor mudanças. Se é que isto realmente interessa. Mas como cantou Renato Russo: “que se faça o sacrifício e cresçam logo as crianças.”
Quantos “João de Santo Cristo” ainda existem por aí a procurar melhores condições de vida e são rejeitados pelo sistema? Quantos trabalhadores ainda são explorados dentro da “Fábrica”? Quantos “Pais e filhos” ainda não entenderam que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã? Quantas “belíssimas cenas de destruição” ainda vamos ver? Será que “Deus está do lado de quem vai vencer”? Será que “ter esperança é hipocrisia”?Há ainda a possibilidade e a necessidade de mudança deste quadro, pois “quando o circo pega fogo (ainda) somos os animais na jaula”.

Cleython Silva é graduando em História e tem interesse de pesquisa pelo Brasil Contemporâneo.

Um comentário:

  1. Esse meu amigo respira e transpira música e nós, os leitores, somos os privilegiados...
    Além do mais está coberto de razão em tudo o que disse e eu assino em baixo!!!
    abração!

    ResponderExcluir